A visão de que as vias das metrópoles atuais encontram-se saturadas já é praticamente consensual. A inadequação entre os espaços disponíveis e o número de veículos circulando diariamente é comprovada pelos mais diversos dados. Mas a grande questão: “O que fazer?”, essa está longe de ser entendida de uma forma única.
O governo federal, recentemente, demonstrou-se um entusiasta do carro ao eleger a indústria automobilística como a grande agraciada pelas ações anti-crise. Para garantir postos de trabalhos e a manutenção de montadoras, ele permitiu, com o barateamento dos preços e facilidades de compra, que uma nova leva de carros particulares fosse lançada às ruas.
O gasto público, tal como foi apresentado, era positivo. Contudo, qual a conseqüência para as cidades do aumento desenfreado do número de automóveis particulares? Não há um custo social a ser contabilizado aí? Ao ser esse custo contabilizado, a opção ainda se sustenta como a correta?
As atitudes dos poderes públicos, dos setores produtivos e dos habitantes das cidades em geral demonstram uma vaga preocupação com o problema. Apesar disso, cada vez mais os efeitos da opção pelo carro particular como principal meio de locomoção se mostram nocivos. Esse e outros temas são abordados no documentário “Sociedade do Automóvel”:
Como o documentário mostra, a escolha do automóvel como meio de locomoção preponderante não é uma decisão sem maiores conseqüências. Ela está interligada a toda uma definição de qual cidade se pretende e apresenta diversos custos sociais.
Um governo municipal, ao priorizar os gastos com a infra-estrutura viária, em detrimento de investimentos em transporte público – especialmente aqueles que evitam com que os usuários sejam prejudicados pelos automóveis particulares, como no caso da construção de metrôs ou de corredores especiais para ônibus – está fazendo uma clara escolha sobre qual cidade deseja e qual setor da população decidiu privilegiar. Tal decisão tem conseqüências não apenas na situação da mobilidade urbana, mais na própria constituição da cidade. Ao observamos os orçamentos de prefeituras como as de São Paulo ou de Belo Horizonte notamos os milhões destinados à construção de pontes, ao alargamento de avenidas e às diversas obras viárias.
E se esse dinheiro fosse investido no subsídio das passagens do transporte público? Será que muitos não iriam desistir de seus carros e tais obras deixariam de ser necessárias?
Os recursos para inundar as cidades de asfalto não vêm apenas dos poderes municipais. Dos estados e da União, rios de dinheiro são destinados a tais obras.
Não será questionável a opção por povoar ainda mais as cidades com carros? Até quando os custos sociais do crescimento desenfreado de carros particulares serão ignorados?
A indústria automobilística já vem percebendo a inviabilidade do automóvel, especialmente na escala em que ele é utilizado hoje. Para buscar conquistar o público jovem, mais próximo dos discursos em favor do meio ambiente e do consumo responsável apela para ícones do entretenimento alternativo e para supostos valores de sustentabilidade.
Até que ponto os usuários de automóveis particulares percebem as conseqüências de suas escolhas individuais?
Os custos sociais da utilização indiscriminados dos carros são múltiplos.
Sua utilização em escala desproporcional, tanto em número de veículos circulando, quanto de passageiros por carro – que nas grandes cidades dificilmente supera 1,5 pessoa – implica na própria configuração do espaço urbano. Cidades baseadas no automóvel tendem a privilegiar a ampliação das vias, levam a um maior espalhamento do tecido urbano, com a conseqüente expulsão das populações pobres para áreas muito afastadas, destituídas de serviços públicos e com sérios problemas de deslocamentos, agravados justamente... pela grande presença de carros e os conseqüentes congestionamentos.
Tudo isso, aliado à grande pressão da especulação imobiliária e à falta de atuação do governo municipal na fiscalização e planejamento da expansão da cidade levou, por exemplo, São Paulo a ser considerada uma das metrópoles mais inviáveis do ponto de vista da mobilidade urbana.
Além de contribuir para a constituição de uma cidade cada vez mais insustentável e menos humana sob diversos aspectos, a opção pelo automóvel contribui largamente para o aumento da emissão de gases poluentes que favorecem o aquecimento. Por mais velhos e mais regulados que os ônibus sejam, eles nunca emitirão tantos gases quanto os carros que transportam o número de passageiros correspondente ao que eles carregam.
O aumento dos poluentes no ar das grandes cidades tem influência direta no desenvolvimento de uma série de doenças, agravando o problema da saúde pública nas cidades. Isso, sem contar, os efeitos dos inúmeros acidentes que ocorrem todos os dias e, mesmo, os altos níveis de estresse decorrentes de horas perdidas em engarrafamentos.
Ao optarem por fazer seus deslocamentos em carros particulares, os motoristas estão gerando uma série de gastos para a sua cidade e, conseqüentemente, bloqueando investimentos em políticas públicas.
Assim, retomamos ao questionamento inicial: investir na indústria automobilística e na expansão do número de carros, no atual contexto de saturação das cidades, se justifica? Não existem alternativas mais sustentáveis de se gerar postos de trabalho e de se aquecer a economia? Até quando ignoraremos os custos sociais de nossas opções coletivas e individuais?
O governo federal, recentemente, demonstrou-se um entusiasta do carro ao eleger a indústria automobilística como a grande agraciada pelas ações anti-crise. Para garantir postos de trabalhos e a manutenção de montadoras, ele permitiu, com o barateamento dos preços e facilidades de compra, que uma nova leva de carros particulares fosse lançada às ruas.
O gasto público, tal como foi apresentado, era positivo. Contudo, qual a conseqüência para as cidades do aumento desenfreado do número de automóveis particulares? Não há um custo social a ser contabilizado aí? Ao ser esse custo contabilizado, a opção ainda se sustenta como a correta?
As atitudes dos poderes públicos, dos setores produtivos e dos habitantes das cidades em geral demonstram uma vaga preocupação com o problema. Apesar disso, cada vez mais os efeitos da opção pelo carro particular como principal meio de locomoção se mostram nocivos. Esse e outros temas são abordados no documentário “Sociedade do Automóvel”:
Como o documentário mostra, a escolha do automóvel como meio de locomoção preponderante não é uma decisão sem maiores conseqüências. Ela está interligada a toda uma definição de qual cidade se pretende e apresenta diversos custos sociais.
Um governo municipal, ao priorizar os gastos com a infra-estrutura viária, em detrimento de investimentos em transporte público – especialmente aqueles que evitam com que os usuários sejam prejudicados pelos automóveis particulares, como no caso da construção de metrôs ou de corredores especiais para ônibus – está fazendo uma clara escolha sobre qual cidade deseja e qual setor da população decidiu privilegiar. Tal decisão tem conseqüências não apenas na situação da mobilidade urbana, mais na própria constituição da cidade. Ao observamos os orçamentos de prefeituras como as de São Paulo ou de Belo Horizonte notamos os milhões destinados à construção de pontes, ao alargamento de avenidas e às diversas obras viárias.
E se esse dinheiro fosse investido no subsídio das passagens do transporte público? Será que muitos não iriam desistir de seus carros e tais obras deixariam de ser necessárias?
Os recursos para inundar as cidades de asfalto não vêm apenas dos poderes municipais. Dos estados e da União, rios de dinheiro são destinados a tais obras.
Não será questionável a opção por povoar ainda mais as cidades com carros? Até quando os custos sociais do crescimento desenfreado de carros particulares serão ignorados?
A indústria automobilística já vem percebendo a inviabilidade do automóvel, especialmente na escala em que ele é utilizado hoje. Para buscar conquistar o público jovem, mais próximo dos discursos em favor do meio ambiente e do consumo responsável apela para ícones do entretenimento alternativo e para supostos valores de sustentabilidade.
Até que ponto os usuários de automóveis particulares percebem as conseqüências de suas escolhas individuais?
Os custos sociais da utilização indiscriminados dos carros são múltiplos.
Sua utilização em escala desproporcional, tanto em número de veículos circulando, quanto de passageiros por carro – que nas grandes cidades dificilmente supera 1,5 pessoa – implica na própria configuração do espaço urbano. Cidades baseadas no automóvel tendem a privilegiar a ampliação das vias, levam a um maior espalhamento do tecido urbano, com a conseqüente expulsão das populações pobres para áreas muito afastadas, destituídas de serviços públicos e com sérios problemas de deslocamentos, agravados justamente... pela grande presença de carros e os conseqüentes congestionamentos.
Tudo isso, aliado à grande pressão da especulação imobiliária e à falta de atuação do governo municipal na fiscalização e planejamento da expansão da cidade levou, por exemplo, São Paulo a ser considerada uma das metrópoles mais inviáveis do ponto de vista da mobilidade urbana.
Além de contribuir para a constituição de uma cidade cada vez mais insustentável e menos humana sob diversos aspectos, a opção pelo automóvel contribui largamente para o aumento da emissão de gases poluentes que favorecem o aquecimento. Por mais velhos e mais regulados que os ônibus sejam, eles nunca emitirão tantos gases quanto os carros que transportam o número de passageiros correspondente ao que eles carregam.
O aumento dos poluentes no ar das grandes cidades tem influência direta no desenvolvimento de uma série de doenças, agravando o problema da saúde pública nas cidades. Isso, sem contar, os efeitos dos inúmeros acidentes que ocorrem todos os dias e, mesmo, os altos níveis de estresse decorrentes de horas perdidas em engarrafamentos.
Ao optarem por fazer seus deslocamentos em carros particulares, os motoristas estão gerando uma série de gastos para a sua cidade e, conseqüentemente, bloqueando investimentos em políticas públicas.
Assim, retomamos ao questionamento inicial: investir na indústria automobilística e na expansão do número de carros, no atual contexto de saturação das cidades, se justifica? Não existem alternativas mais sustentáveis de se gerar postos de trabalho e de se aquecer a economia? Até quando ignoraremos os custos sociais de nossas opções coletivas e individuais?
Esse é um tema sobre o qual eu nem gosto de escrever se nao fico muito puto...
ResponderExcluiro carro se revelou a ferramenta mais perfeita para viabilizar desigualdades sociais em um ambiente democrático.
Ao contrário do que se diz,um carro não aproxima, mas distância, os estabelecimentos e equipamentos são construídos cada vez mais longes, sob a alegação de que estão acessíveis aos motoristas. Vide os shoppings Classe A.
O carro não torna a viagem mais rápida... ele promove é a lentidão. No entanto, o carro possibilita a não miscegenação entre o rico e o pobre. Isso é muito eficaz para o imagnário das elites.
Isto é, o que eu quero dizer com o comentário acima é que as vantagens do carro se revelam apenas paliativos a desvantagem que ele causa.
ResponderExcluirParadoxalmente, o carro é a própria negação da sociedade de consumo!!!
Quanto mais pessoas tiverem celular, melhor para mim. Será mais fácil me comunicar com elas. Mais computadores: idem. Mais aparelhos de DVD: idem (assim poderemos compartilhar filmes adquiridos em lojas legalizadas).
A maior parte dos bens de consumo não representam o prejuízo de uns usuários sobre outros. Com o carro é diferente. Quanto mais automóveis, pior para mim. Mais disputas haverá, menos espaços existirão.
Se fosse só eu que tivesse um carro, eu seria o homem mais rápido do mundo. Mas na sociedade do automóvel, o carro as vezes fica mais lento que uma carroça à traçao animal, certamene mais lento que uma bicicleta e, as vezes, até que um pedestre?
Qual é a grande vantagem dos carros então? Simplesmente não sei... sorry, but I don't now.
França 2006!!
ResponderExcluirAh, só pra gente pensar com alguns dados concretos.
ResponderExcluirLá no site do Denis vi um cálculo que diz o seguinte:
Um ônibus transporta 50 pessoas e polui como um carro que transporta 4 pessoas (Lembrando que nas grandes cidades,quase sempre, carros estão vazios e ônibus cheios). Então precisaríamos de 12,5 carros pra levar todo mundo que um ônibus leva...poluindo 4X vezes mais no caso!!