Viaduto na Av. Amazonas (Belo Horizonte/MG).
Sempre que passava por aquele local via pessoas alojadas sob o viaduto. A estrutura criava um vão que permitia a organização de fogueiras, fogões, dormitórios e outros pequenos improvisos.
O viaduto fica em um local desabitado, não há residências, apenas oficinas mecânicas e uma pista para moto-escola. A pobreza ficava convenientemente escondida.
Algumas semanas fora e ao retornar vejo que os freqüentadores foram retirados ou expulsos. O salão sob o viaduto recebeu um preenchimento de terra, um modo de impedir que os sem-teto retornassem.
Época interessante a que vivemos, os viadutos podem dar abrigo aos automóveis, mas não aos despossuídos. Houve a extinção de um espaço de uso coletivo – uma apropriação precária – como recusa em reconhecer a existência da pobreza.
Preferimos os carros aos seres humanos. O local não tem visibilidade (o que não justifica sequer as políticas de higienização), mas parece haver uma intenção deliberada de tornar a cidade cada vez mais inóspita aos expropriados.
As placas e as formas “legítimas” de ocupação do espaço visto nas fotografias trazem uma mensagem clara:
“Preferimos os carros às pessoas, vocês não são bem-vindos”.
[FOTOS: Belo Horizonte (MG), agosto de 2010, por El Luchador Mysterioso]
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O que fazer (2)?
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Reparem os carros colocados tão displicentemente sobre o passeio.
ResponderExcluirReaprem também na quantidade de terra que foi necessária para tornar o local "menos aconchegante"...
Belo Horizonte é legalzinha ainda...aqui em SP o pessoal dá tiro, toca fogo, ou joga água nos colchões da turma embaixo dos viadutos.
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