quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tentações Totalitárias


Merda à vista!

O anúncio do acordo entre a Google e a Verizon, na semana passada, abre espaço para a derrocada da internet como conhecemos. Isso se daria pelo fim da neutralidade das buscas e serviços na rede – através de um sistema que teria a capacidade de priorizar “um” ou “outro” tipo de tráfego segundo critérios como velocidade entre outros escusos. Desse modo, seriam criados dois espaços virtuais: o ‘Público’ e os ‘Serviços Online Adicionais’. Basicamente, estamos falando de um plano de Privatização da Net.

Atividades tidas como lentas, então, poderiam ser barradas: Torrent é o melhor exemplo disso. Isso consistiria num revés fortíssimo ao caráter libertário do fluxo de informações na Web, de modo a transformá-la numa máquina de propaganda e de veiculação do politicamente correto tão, ou mais, eficiente se comparado ao que se transformou a televisão.

Esse acordo ainda tem que ser analisado e liberado pelo Estado americano. Só uma pressão vinda de todos os lados poderia barrar uma putaria como essa, que acabaria implementando o princípio mercadológico num dos espaços mais ricos e libertários por onde ainda se faz uma cócega ao sistema.

E nós anarquistas e libertários? Vamos assistir mais uma vez? Seremos um dos principais
afetados.

Mais informações aqui, aqui e aqui.

Saúde e Anarquia pra Todos!

Mais Democracia Nunca é Ruim


Dando continuidade às questões que vêm sendo levantadas nos últimos textos, gostaria de aprofundar o ponto relativo à estratégia, ou melhor, tentar perceber a estratégia como um fim em si mesmo. Isso vale para discutirmos as inflexões dos movimentos libertários reais e virtuais, procurando encontrar elementos teóricos que possibilitem um fortalecimento da autonomia nos dias atuais. Esse post também procura por em debate uma possível realocação das esperanças libertárias.

Penso que um dos erros centrais das esquerdas – não todas –, bem como de algumas direitas, no passado, seria ver a democracia como inimiga a ser combatida. No caso dos anarquistas, é um erro analisar a democracia e os estados modernos apenas na chave de uma burocracia que detém o poder e nos oprime. Essa visão faz muito sentido se analisada frente aos séculos XVIII, XIX e parte do XX – e olhe lá! É bastante coerente, também, com leituras automáticas da realidade feitas a partir de certa filosofia pós-estruturalista – alguns falam até em “campos de concentração a céu aberto” ao definirem a atual conjuntura.

Certas críticas pós-modernas chegam afirmar que não há diferenças significativas entre democracia e totalitarismo, estando presente, em ambos os casos, todo um aparelho repressivo de disciplinarização dos corpos e mentes. Já ouvi também, da boca de muitos autodenominados anarquistas e/ou libertários, que viver sob uma ditadura não seria muito pior do que sob o regime em que vivemos agora, e até, dependendo do caso, a situação seria melhor. Minha percepção sobre isso se encerra em algumas poucas possibilidades, de modo que pessoas que afirmam tais calamidades: ou estão filosofando de dentro dos seus confortáveis gabinetes climatizados, ou são pseudo-intelectuais que vivem em apartamentos caros, ou, ainda, são retardados obcecados por uma doutrina política engessada há mais de um século.

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O que fazer (2)?

Viaduto na Av. Amazonas (Belo Horizonte/MG).













Sempre que passava por aquele local via pessoas alojadas sob o viaduto. A estrutura criava um vão que permitia a organização de fogueiras, fogões, dormitórios e outros pequenos improvisos.

O viaduto fica em um local desabitado, não há residências, apenas oficinas mecânicas e uma pista para moto-escola. A pobreza ficava convenientemente escondida.

Algumas semanas fora e ao retornar vejo que os freqüentadores foram retirados ou expulsos. O salão sob o viaduto recebeu um preenchimento de terra, um modo de impedir que os sem-teto retornassem.










Época interessante a que vivemos, os viadutos podem dar abrigo aos automóveis, mas não aos despossuídos. Houve a extinção de um espaço de uso coletivo – uma apropriação precária – como recusa em reconhecer a existência da pobreza.

Preferimos os carros aos seres humanos. O local não tem visibilidade (o que não justifica sequer as políticas de higienização), mas parece haver uma intenção deliberada de tornar a cidade cada vez mais inóspita aos expropriados.

As placas e as formas “legítimas” de ocupação do espaço visto nas fotografias trazem uma mensagem clara:

Preferimos os carros às pessoas, vocês não são bem-vindos”.










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domingo, 15 de agosto de 2010

Instrumentalização de métodos para uma praxe anticapitalista

O presente texto faz parte de um esforço de reflexão que, entre outros componentes, objetiva um esclarecimento quanto possibilidades de resistência às poderosas tendências hegemônicas da contemporaneidade. Embora os cenários que nos circundam se aparentam bastante sombrios, há espaço para avaliações não derrotistas.

As principais propostas de resistência evocadas por grupos de tendências anarquistas ou socialistas parecem padecer de um mesmo mal, ou são míopes quanto as condições mentais e espirituais dos tempos em voga ou se perdem em bairrismos e especializações contraproducentes. De um lado há aqueles que querem atuar nos moldes dos levantes políticos do século XIX e da primeira metade do século XX: ou esperam uma revolução orquestrada por uma vanguarda mega-consciente de sua importância no devir histórico ou um levante espontâneo, pronto a varrer todos os ditames da opressão (desse modo despolitizando a própria ação política). Do outro lado, vemos grupos que desistiram das atuações holísticas, universalistas e engatadoras, suas atuações pautam-se por um imediatismo e localismo: freeganistas, ciclistas, vegans, web-ativistas etc.

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sábado, 14 de agosto de 2010

Esboços para um pensamento sobre a pirataria



Importa os esforços para a elaboração de um pensamento libertário sobre a pirataria, e com isso apresentamos algumas problemáticas relativas à sua prática. Em uma primeira acepção, a pirataria tende a se conceituar como um ato de interferência em processos produtivos já estruturados visando à apropriação de bens, ícones, imagens e a instrumentalização de fetiches direcionados para o lucro de terceiros, completamente desvinculados dos produtores e proponentes originais.

A imagem clássica é aquela do pirata de olho de vidro e perna de pau que pilha navios e leva a insegurança aos mares, um bandido e fora da lei que atrapalha o fluxo econômico natural. Essa visão estereotipada é comum nas representações cinematográficas e nos livros de história relativos ao período das navegações compreendidos entre os séculos XVI ao XVIII. Os estudos tradicionais sobre o tema apontam, inclusive, que na Antiguidade uma das primeiras formas de comércio (na verdade a menos evoluída) teria sido a pirataria.

Trata-se de uma elaboração do pirata como um sequioso de riquezas que coloca em risco a própria espontaneidade e racionalidade do comércio – ao invés das trocas, a opção feita é pela pura e simples pilhagem. Quando chegamos a Era dos Estados Nacionais, com as políticas mercantilistas e metalistas das monarquias européias, observa-se uma intensificação das atividades piratas. Cabe uma distinção entre o pirata e o corsário, pois este último age em nome do rei, com uma carta que o autoriza a abordar e a tomar as riquezas dos navios das nações rivais.

Não é o “roubo” em si que gera pirataria, mas sim quais os agentes envolvidos no processo de rapinagem. Disputas entre os Estados Nacionais faziam parte da política internacional, sem abalar as economias capitalistas então em gestação. O corsário estava a serviço de uma poder piramidal, um estado coletor de metais dirigido por uma realeza interessada em consolidar seu mando. Já o pirata atuava como o desajustado, aquele incapaz de seguir “o modo natural de se fazer as coisas”. Nesse sentido, nossa primeira constatação enfatiza a natureza desordeira e anti-estatal do pirata. Ele não espera seguir a lei ou ser subserviente ao seu rei.

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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

É Possível a Anarquia?


Gostaria de fazer algumas reflexões dispersas sobre o anarquismo como movimento social e político. Creio que devo repetir umas coisas e entrar em contradição com outras que já postei aqui, mas que se dane a coerência. Tenho a mente aberta o bastante pra não acreditar em doutrinas ou me enfurnar em orgulhos ideológicos que me impeçam de mudar de postura. Enfim, inveredemo-nos pelas trilhas dessa magnifica área do conhecimento, que é a união da ciência, da intuição e de nossos desejos contraditórios: o “Achismo”.

Historicamente o anarquismo comportou, e ainda comporta, dezenas de adjetivos mas, hoje em dia, penso que ele pode ser visto sob duas grandes perspectivas: o anarquismo tradicional e o dito pós-anarquismo, ou anarquismo pós-estruturalista como preferem alguns.

Não vou gastar tempo falando de um e de outro, mas só puxar pela memória os pontos que justificam e explicam essas duas perspectivas. Basicamente, o chamado anarquismo tradicional se fundamenta em princípios substancialistas e “bem definidos”: classe, sindicato, proletários, hegemonia, capitalismo, estrutura, liberdade (solidamente definida) etc. Vivia-se, ou vivi-se, para alguns, em tempos de harmonia conceitual: tínhamos os inimigos: Estado (burocracia) e Capital (burguesia), e os aliados: classe operária – bastava esperar o dia do grande choque para que vivéssemos no paraíso. Ele nunca veio: nem o grande choque, nem o paraíso.

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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Rock e Ecologia

Aqui, uma versão Metal do nosso futuro próximo. Esse é o novo clipe do Disturbed, "Another Way To Die"

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sociologia do Shopping Center - II

II – Dos Shoppings de luxo


O padrão nórdico deve preponderar.

Um Shopping de luxo deve, inequivocamente, compor uma ambientação que simule a possibilidade de um Brasil ariano. A mestiçagem não pode sequer ser lembrada. Os seguranças, os faxineiros, os vendedores devem se aproximar tão quanto for possível dos estereótipos da branquitude européia.

Um Shopping de luxo destina-se aos europeus terceiros-mundistas, infelizes em suas condições de párias da civilização branca-ocidental. Narcótico eficaz contra a realidade onipresente das favelas, dos mulatos, das desigualdades e das injustiças históricas. Extensão natural dos condomínios fechados e dos espaços não públicos.

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O que fazer (1)?

[FOTO: Cidade de Vitória (ES), maio de 2010, por El Luchador Mysterioso]

A onipresença dos automóveis, essas caixas metálicas feias e sobre rodas, fontes de poluição visual, sonora e atmosférica.

Elemento inerente às paisagens urbanas e rural. Se um elogio pode ser feito a eles é o de que conseguem trazer a tona algumas das piores facetas do ser humano.

O discurso da eficiência, conforto e segurança esconde máquinas de segregação e expropriação. Inimigo intrínseco do coletivo e do público.

Mas o que fazer com os automóveis?

Transformá-los em irreverentes jarros de flores (como querem alguns) ou piras flamejantes vermelho-fusco (como querem outros tantos)?

Enquanto a resposta não chega, que pequenas táticas de sabotagem sejam aplicadas...

Fica a cargo da imaginação de cada um...

Onde eu deixei meu coquetel m******?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DOSSIÊ: Viver em Chiapas


Brigada Europeia de Apoio aos Zapatistas - Diário de uma viagem

Nesta página
, os diários de uma visita de militantes europeus às comunidades zapatistas de Chiapas. Impressivas descrições da vida concreta de milhares de mexicanos que, depois da revolta de 1994, decidiram mudar de vida e construir a autonomia. Veja, a seguir ao pequeno texto de apresentação de um dos viajantes, traduzidos na íntegra, os relatos sobre as oito comunidades visitadas.