sábado, 12 de setembro de 2009

PAC (Programa de Abolição do Crescimento)


A bola da vez é o pré-sal. Será das profundezas do oceano que sairá a solução do Brasil. “Nunca esse país cresceu tanto em toda História”, dizem por aí.

E...

Isso é bom?

Governos de esquerda dizem que sim. Governos de direita, também. As corporações dizem que não só é bom, mas é fundamental!

Bom, e quando governos e corporações concordam... sabemos que coisa boa não vem por aí...

Já sei o que alguns devem estar pensando... Ih... lá vem mais um desses que sempre são do contra. Bom, para esses, peço que leiam com atenção.

A crítica ao desenvolvimento ou ao crescimento vem sendo feita há tempos, ainda que de maneira fragmentada, devemos reconhecer. Mas, ao que parece, cada vez mais ela se torna consistente e uma consciência da incompatibilidade entre o crescimento econômico constante e um projeto de humanidade livre, justa e solidária se fortalece entre diferentes setores.

Um dos elementos importantes da crítica pauta-se na questão ambiental. É necessário que se tenha em conta que os discursos verdes fornecem subsídios importantes para a crítica do desenvolvimento desenfreado, especialmente quando mobilizam a idéia de sustentabilidade. Mas aqui um questionamento deve ser feito: sustentabilidade e crescimento econômico constante são termos compatíveis?

Uma boa resposta está no texto de Peter Russel.

Não adianta querer tapar o sol com a peneira. Ainda que para o consumidor final ou para aqueles que recebem seu dinheiro no banco no fim do mês não pareça, toda produção de riqueza faz parte de um ciclo maior, o qual envolve danos ao meio ambiente em ambas as pontas, como bem mostra esse ótimo vídeo:



Sendo assim, do ponto de vista de uma real sustentabilidade ambiental, a única proposta cabível é a diminuição da produção de riquezas.

Mas aí, coloca-se um problema. Ou será uma solução? Será possível diminuir a produção de riquezas num mundo com tantos pobres e miseráveis?

Bom, na humilde opinião deste que vos escreve... SIM!

Sim, porque o problema da pobreza no mundo não passa por falta de recursos, por falta de riquezas, por falta de alimentos. Ainda que essa constatação não seja novidade, nem represente solução para nada, ela precisa ser sempre relembrada. No que diz respeito à comida, por exemplo, a produção mundial é mais do que suficiente. Os geradores da miséria e da fome são outros.

Além do mais, em nome do desenvolvimento vidas são desperdiçadas, pautada no binômio trabalho-consumo, a sociedade mundial caminha de mãos dadas para um suicídio coletivo. E isso ultrapassa a questão da destruição sistemática do meio ambiente. Estamos falando aqui de deterioração do sentido da existência humana, reduzida a ações como produzir, comprar, ter... Tratamos de um individualismo crescente e da diminuição de laços de solidariedade motivada por conceitos como competição, sucesso e prosperidade.

Em nome do desenvolvimento, direitos sociais – e, em casos extremos como o chinês, direitos políticos – são negados. O suposto esforço de todos em prol do crescimento gera mais resultados para uns do que para outros.

Que concessões são feitas em nome da manutenção do sistema, não podemos negar. Mas isso é tudo? Isso basta?

Até onde essa onda desenfreada de crescimento vai nos levar?

Quando é que deixaremos de ter o crescimento econômico como foco principal de todas as ações e começaremos a focar, de verdade, objetivos como sustentabilidade; redução da pobreza com a conseqüente diminuição das desigualdades; ampliação dos direitos sociais e políticos; reconhecimento das vontades individuais e das pequenas coletividades?

Qual o sentido do crescimento econômico?

Não me venham dizer que é a superação de pobrezas, desigualdades e injustiças, pois se fosse assim, esse projeto já deveria ter se iniciado há décadas, já que o mundo cresce exponencialmente há um bom tempo.

Por tudo isso, é hora de mudar o foco... tratar do que realmente importa, corrigir injustiças históricas e frear processos suicidas de destruição das pessoas e do meio ambiente.

É hora de pensarmos o nosso PAC – Programa de Abolição do Crescimento!

3 comentários:

  1. Olá, não sei de quem é esse blogue. Foi deixado um contato no meu blogue Anarquismo Agora. Olhando rapidamente, parece muito bom o conteúdo. Serei um seguidor.

    abraço

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  2. hey, olhando um pouco mais rs.. gostei mesmo. Posso publicar enviar meus textos também, para aprovação e possível publicação?

    abraço

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  3. Fala Cristian!

    Creio que rola sim...mande os seus texto aí pra gente

    Até!

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